As nuvens cinzentas se fundiam com o horizonte. O cão
revirava o lixo, o gato fazia deste um abrigo. A serragem típica de julho era
um vapor gélido. Ruas vazias de gente, cheias de chuva. Ouvia-se apenas o
correr dos carros e rios. Casas térmicas, famílias risonhas. O café era forte
como almas e quente como sangue. Dividia-se o pão como se havia feito há
milênios. Salvos pelo capital e condenados pelo mesmo. Ao menos alimentava o
corpo. E a promessa de liberdade mantinha o espírito. Um gemido musical tomava
o fundo da residência. Flores no jardim se maravilhavam com a melodia. O
desespero consumia as notas. Era um grito de socorro, um choro de alegria. A
filha mais nova manuseava o violino como se fosse artilharia. Bombas ilógicas,
aplausos. A orquestra de uma só se encerrou dando lugar à vida.
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