Tereza,
Não sei quem és e muito menos sabes quem sou. Ouvi dizer que
fazes do Leblon teu mundo e da orla carioca tua casa. Seria verdade? Espero que
sim, pois, caso contrário, minha carta não teria propósito algum para ser
escrita. És a Tereza certa? Tens pele morena e cabelos castanhos? Lúcio me
contou sobre uma pinta também. És tu, Tereza? Dick mandou lembranças aos teus
olhos incrivelmente verdes. Sentem tanta saudade daqueles verões e invernos, os
quais passaram juntos de ti, que até eu sinto tua falta.
Entretanto, tu
pertences à praia, não é mesmo? Às ondas, ao sol, ao mar e aos poetas...
Brincaste entre as cordas vocais de Jobim, Blanco, Chico, Caetano, Roberto e, claro, Dick
e Lúcio. Não sei se tu deverias sentir vergonha ou satisfação. O que sentes? Que
pensas? Só penso na utopia de ti.
Não componho rimas sobre nada, mal sei cantar
um sol. No entanto, posso te oferecer a simplicidade de ser ninguém. Gostarias
de não existir entre as sombras da fama, Tereza? Numa casinha, num lugar
qualquer. Sem problemas ou hora para atrapalhar. Deixa a moça de areia em algum
lugar da cidade maravilhosa e vem ser apenas mulher. Permite-me ser tua solução
para a dor de uma vida vazia. Um mundo vasto de nós nos espera.
Aguardo, na
ansiosa solidão, a ti.
Do teu desconhecido admirador,
Raimundo.
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