Sobreviveu a desventura de nascer.
O estrebucho de desespero que ilustrou sua chegada ao mundo
empírico foi a previsão de uma vida vulgar.
Encontrou-se na pureza da infância.
A momentânea salvação da malícia mundana possuía gosto de
goiabada com queijo fresco. Lambuzava os beiços naqueles dias de felicidade
plena.
Descobriu o infortúnio de crescer.
A cachoeira de responsabilidades grotescas o afogou sem
misericórdia. Desfrutou dos sete pecados que regem o povo e acabou numa classe
sem privilégios.
Entregou-se, enfim, aos vícios.
A desilusão abrigava um coração partido. Adiava o vazio no
peito com a cachaça barata de um botequim hediondo até que o raro salário
evaporasse.
Expirou.
Sem prantos esperneados, dívidas ou amores; achou tudo o que
mais ansiara. Na morte, teve a sorte de um sonho infindável.
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