sábado, 4 de janeiro de 2014

42 do segundo tempo.

Seguir em frente nunca parecera tão difícil. Ao som de um jazz choramingado, sentado no beiral da janela. Era noite e eu tinha sensação de estar em algum lugar próximo ao inferno. Sempre gostei do mormaço aconchegante do verão, mas dessa vez alguém estava querendo testar meu gosto por ele. Tenho um apreço especial por desafios e aceitei esse com a maior determinação que pude... O que não era muita coisa levando em conta meu estado mental esgotado. Talvez eu devesse pular. Não sei bem o que um metro e meio de altura fariam comigo. No máximo, nada. No mínimo uma insatisfação tremenda por ter saído da minha posição razoavelmente confortável.
Sempre considerei o passado um berço de experiência e nunca contemplei a ideia de ficar preso nele. Nessa altura do campeonato, parar a translação da Terra parecia tão viável quanto respirar fundo depois de um longo mergulho na piscina. Paralisar o tempo seria um alívio tão grande quanto um gol da virada na final da Copa do Mundo aos 42 do segundo tempo. Soltaria rojões se tivesse sucesso. Sucesso... Era disso que eu tinha um baita medo. Não da coisa em si, mas de não saber exatamente o que ela é.  E o que viria depois da satisfação de tê-lo alcançado. Um sorriso na cara e um enorme vácuo emocional até encontrar outro objetivo digno.
Como disse, poderia passar minha vida toda ali. Ouvindo o choro do saxofone, tomando um chá gelado e observando as estrelas. Imaginando como seria a vida no asteroide B612, na companhia de uma rosa e na luta contra alguns baobás. Limpando vulcões que não chegariam nem nos meus joelhos...
Poderia passar minha vida toda sonhando acordado.
Pendulando entre o certo e o errado.
Tentando atingir a utopia de felicidade.
Pulando de cidade em cidade.
Procurando saber o que eu sempre quis.

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