domingo, 30 de março de 2014

De um João para uma Maria. (Resposta).

Amada Maria, a saudade bateu à porta.
Sua carta chegou para me salvar do frio da cidade grande. Sinto sua falta mais do que nunca. Como tantos outros Joãos que lamentam pela distancia de suas Marias.
Como tantos outros pais que trocam a alma por sustento da família. Como tantos outros maridos que se fingem muralha, mas estão por um fio de desmoronar. Como tantos outros trabalhadores que se submetem calados ao errado. Como tantos outros que não sabem gritar. Como tantos outros de pele queimada que compram tudo o que podem para poder menos ainda. Como tantos que querem retornar.
Sou como tantos Joãos que desejam ser Romeu. E você é melhor que qualquer Julieta já inventada. Mas ainda não posso voltar, mesmo com a melancolia me enlouquecendo. Gostaria de pelo menos ver seus olhos, Maria. Maria você. Maria minha. Maria única.
Tente parar de pensar no que nos separa e imagine minha volta indefinida. Não sei como voltarei para meu sertão e para teus braços, talvez no próximo salário... Se houver salário... Há esperança no fim das contas.
Com a força de todos os Joãos, digo que voltarei. E com o meu amor, digo que farei o impossível. Voltarei, Maria.
A saudade me encontrou no segundo em que coloquei o pé nessa estrada interminável.
Espero que ela te conforte de alguma maneira na minha ausência,
Seu João.

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